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Guerra cambial ou comercial?

publicado em 26 de janeiro de 2012

O câmbio virou centro das atenções da mídia mundial desde que governos inventaram de estabilizar suas economias e promover a competitividade com base nele.  A reunião do G20 que acontecerá nesta semana na Coréia do Sul, reunirá lideres das principais economias do mundo que irão debater o futuro da economia mundial, sendo que a principal pauta promete ser o câmbio, ou melhor, a “guerra cambial”. A chamada guerra cambial é a disputa entre países envolvendo a cotação de suas moedas, com a tomada de medidas unilaterais para desvalorizar suas divisas. Está claro que não estamos diante de uma guerra em torno do câmbio. Os países desenvolvidos estão querendo reerguer suas economias depois da crise 2008. Mas o problema pode piorar, pois a situação pode se deteriorar para uma guerra comercial, caso continue a desvalorização do dólar frente as moedas locais.

Em razão de o dólar estar perdendo valor frente a uma série de moedas, o tema a ser abordado são as conseqüências das medidas de reação adotadas pelos Estados Unidos frente à crise que anunciou no último dia 03 de novembro através do Comitê de Política Monetária do Fed que irá adquirir mais US$ 600 bilhões em títulos públicos até a metade do próximo ano, como forma de injetar recursos na economia local, entretanto, este recursos acaba indo para outros países. Como na lei de oferta de demanda, esta medida faz com que aumenta dólares no mercado desvalorizando ainda mais a moeda nacional, pois a desvalorização prejudica as exportações dos demais países, que vêem seus produtos se tornarem mais caros no mercado externo.

A medida anunciada torna a moeda brasileira muito valorizada, o que, prejudica a nossa exportação e favorece a importação e outras saídas de moedas estrangeiras. A causa dessa valorização é o crescimento das receitas de divisas (exportação, entrada de capitais etc.) que joga no mercado muita moeda estrangeira.  As autoridades americanas esperam que o dólar barato ajude suas empresas a exportar mais, gerar empregos e, quem sabe, recuperando uma economia nocauteada por mais de dois anos de crise.

 Para tentar conter a queda do dólar, o governo brasileiro elevou a alíquota de IOF para investimento estrangeiro na renda fixa. De 2% para 6%; elevou para 6% a alíquota de IOF sobre as margens no mercado futuro; e elevou a capacidade do governo para comprar dólares e enxugar o excesso de moeda.

De acordo com o ministro da Fazenda Guido Mantega “todo mundo quer que a economia americana se recupere, porém não adianta ficar jogando dólar de helicóptero” . Com esta medida adotada pelo governo americano é improvável o estimulo do crescimento da economia global, podendo, por outro lado, agravar os desequilíbrios mundiais, afetando as exportações dos países em desenvolvimento.

Podemos afirmar que o termo “guerra cambial” continuará em evidência até que diretrizes, num âmbito global, sejam adotadas para brecar a iniciativa de países que almejam protegerem suas economias ao promover desvalorização de suas moedas – no intuito de aumentarem sua competitividade.

 Considerando que a base econômica e a pauta de exportações brasileiras estarem voltadas para produção agrícola, e que o crescimento econômico que se observou nas últimas décadas foi impulsionado pela expansão do agronegócio e pela desvalorização cambial, podemos observar que este modelo de crescimento econômico tem provocado instabilidade na economia local, deixando o desempenho econômico dos países emergentes (em especial o Brasil) à mercê da conjuntura econômica internacional. Desta forma, creio que é importante manter equilíbrio cambial, que favoreça nosso comércio, porém não tão desvalorizado que comprometa a divida externa brasileira. Caso contrário a entrada de muitos dólares de forma exagerada, pode sobrevalorizar o nosso real, dificultando assim as exportações, e facilitando as importações, gerando déficit na balança comercial, o que não é bom para nossa economia. Portanto o ideal seria se tivéssemos uma política econômica global, com todos os países atuando conjuntamente e visando a erradicação da miséria e o desenvolvimento dos países pobres, mas isto é difícil, pois as grandes potenciais mundiais continuarão agindo apenas para favorecer e fortalecer suas próprias economias.

 Enfim, bem dizia o pai da administração moderna Peter Drucker “a competitividade das nações ainda é, infelizmente, uma simples questão de paridade cambial”.

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