Diariamente presenciamos ou assistimos pela mídia as lideranças políticas colocarem o desenvolvimento econômico apenas como um indicador, ou melhor, um sinônimo de crescimento econômico. É importante salientar que desenvolvimento econômico define-se pela existência de crescimento econômico contínuo, em ritmo superior ao crescimento demográfico, envolvendo mudanças de estruturas e melhoria de indicadores econômicos, sociais, educacionais e ambientais. A experiência tem demonstrado que o desenvolvimento econômico não pode ser confundido com crescimento, porque os frutos dessa expansão nem sempre beneficiam a economia como um todo. Exemplo claro disso são os números divulgados pela Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre Educação em 2010, no qual de acordo com uma pesquisa apesar do crescimento econômico o Brasil, ocupa o último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população de 25 a 64 anos: apenas 11% dos brasileiros possuem diploma universitário. Ainda de acordo com relatório da UNESCO de 2010 – Índice de Desenvolvimento da Educação para todos (IDE), no ranking de 128 países, o Brasil perdeu nos últimos 10 anos, 16 posições: passando de 72º para 88º. O nosso país está em penúltimo lugar da América do Sul, ganhando apenas do Suriname. Apesar dos números de matrículas e concluintes do ensino superior ter aumentado nos últimos anos, em razão dos programas federais (PROUNI e FIES) e da estabilidade monetária que favoreceu o ingresso em Universidades privadas, os dados da OCDE ilustram um problema de pouco capital humano qualificado para respaldar a evolução do Produto Interno Bruto – PIB de nosso País nos próximos anos. Embora a estabilidade monetária e os programas sociais do governo federal tenham contribuído para diminuir o índice de miseráveis nos últimos anos, para tornarmos um país competitivo, existe a necessidade de estabelecer a política educacional como uma política de estado e não apenas uma política de governo, quando geralmente perdem a sequência de implantação, tornando na quase totalidade iniciativas eleitoreiras. Os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB divulgados recentemente pelo Ministério da Educação (MEC) apontam que Mato Grosso está abaixo da média nacional em relação ao Ensino Médio. Mato Grosso obteve um resultado negativo em relação às metas estipuladas. Enquanto a média brasileira é de 3,6, os estudantes mato-grossenses atingiram a nota de 3,2, sequer chegando aos números nacionais. O que adianta propalarmos que a juventude é o futuro deste país, se o presente dos jovens não é respaldado por políticas educacionais eficazes com os investimentos necessários e a busca permanente do padrão de qualidade. Nada adiantam discutir Ferronorte, índices demográficos, exportações, instalação de novas empresas, produção, PIB, se nossos jovens apresentam um índice escolar preocupante, conforme mostra o IDEB. Em relação à nossa região, é de vital importância que os atuais e os futuros governantes pautem com urgência os seguintes pontos objetivando transformar Rondonópolis numa cidade que realmente apresente desenvolvimento econômico: erradicação do analfabetismo, melhoria permanente do ensino básico, criação da UFR, instalação do campus da UNEMAT e instalação do curso de Medicina. Por fim, diante da realidade atual de falta de capital humano qualificado, defendo a necessidade de repensarmos políticas educacionais para os próximos anos, que transformam Rondonópolis, em um pólo educacional, onde possamos trilhar definitivamente os caminhos do desenvolvimento econômico.
(*) Thiago Silva é professor universitário e líder do movimento UNEMAT JÁ!.
Fonte: Jornal A Tribuna – 03/06/12